segunda-feira, 18 de março de 2013

Garota de Domingo.



Ela é como uma manhã de Domingo. Sorriso fácil, voz doce, olhar tímido, enfim... Talvez seja por isso que ela não foi feita pra mim. Mas, eu bebo saudade a semana inteira, só pra vê-la chegar... Ao soar de: Olha que coisa mais linda, mais cheia de graça. É ela menina, que vem e que passa. Queria eu ter o dom de saber esperar. Ê, Vinícius. Sua garota de Ipanema passava todo dia... A minha só passa aos 45 do segundo tempo.  Só passa quando eu lembro que amanhã é segunda. Sim, essa mesma segunda que, nem tão por acaso, rima com vagabunda.
Ela me atiça, fascina e depois vai embora. Sorri, me enlouquece e a gente se namora. No dia seguinte, nem bom dia recebo mais. Terça não tem importância. Na quarta ela me liga — meu time perdendo —, pergunta se eu vou lá. Quinta é só silêncio. Sexta ela me esquece. Sábado é de preguiça. Domingo, chuva ou Sol, a gente se aquece.  
Se tivesse mais um dia na semana, talvez déssemos certo. Eu disse só talvez. Na nossa rotina, trocamos as certezas por cerveja. Pra começar a falar sério, só se inventassem um novo mês.
E o nosso mês cabe num Domingo.
O tempo parado, o filme mais brega do mundo rodando sem ninguém assistir, ressaca pré-segunda feira, gostinho de saudade, cheiro de reencontro, olhar de quero mais. Faz cara de santa, me atenta como o Diabo e ainda tem a audácia de perguntar: “Quer mais pipoca?”.
Ah, eu quero muitas coisas. Ela sabe disso. Porque Domingo eu sou quase dela; e vice-versa. Nos outros dias, a gente se perde por aí. Fazer o quê? 
Nos outros dias, somos solteiros mas Domingo eu só quero você.

Hoje ela está aqui, amanhã não está mais. De sete em sete, eu vou me embebedando de azar. Mas eu não desisto, meu caro Vinícius, só pra ver ela passar...

"Aaah, só pra ver ela passar."
 — GS

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